quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Os Montes

Deus sempre falou aos homens através de sinais e símbolos. Sendo o homem um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual, exprime e percebe as realidades espirituais através de sinais e símbolos materiais. Como ser social, o homem precisa de sinais e símbolos para comunicar-se com os outros, através da linguagem, de gestos e ações.Eis porque na vida humana sinais e símbolos ocupam um lugar importante, e importante também para sua relação com o Divino.Deus fala ao homem através da criação visível. A realidade material apresenta-se à inteligência do homem para que este leia nele os vestígios da Divindade. A luz e a noite, o vento e o fogo, a água e a terra, a árvore e os frutos falam de Deus, simbolizam ao mesmo tempo Sua grandeza e proximidade.E nesta linguagem simbólica, as montanhas sempre estiveram especialmente relacionadas com a proximidade de Deus. Foi no Monte Sinai que Deus escreveu os princípios de Sua Eterna Lei e os entregou a Moisés(Êxodo 19, 1ss); foi no Monte Moriá que Abraão foi experimentados por Deus ao quase sacrificar seu filho Isaac (Gênesis 22,2), e também onde Salomão construiu o Templo que dedicou ao Senhor (2 Crônicas 3,1); foi no Ararat que a Arca de Noé se deteve, ao final do dilúvio (Gên. VIII, 4); foi no Monte Carmelo que Elias alcançou, através da oração, o milagre da chuva (1 Reis 18, 42) e onde venceu os profetas do demônio Baal;Mas é no novo Testamento que esta linguagem ganha uma força especial, ao relacionar o gesto de subir para um lugar elevado a importantes episódios do Ministério de Jesus: o Sermão da Montanha (Mateus 5-7); a Transfiguração no Monte Tabor (Marcos 9,2); a Última Ceia, que acredita-se tenha se passado num sítio em Jerusalém que ficava sobre o Monte Sião; a sua Ascensão, no Monte das Oliveiras(Lucas 24, 50), onde também Jesus passou (no Getsamâni) em oração sua última noite antes da prisão e sacrifício.Mas o ápice desse simbolismo encontra-se no Monte Calvário, onde Jesus morreu para remir os homens de seus pecados, dando-lhes poder a fim de vivenciar aqueles princípios entregues a Moiséis por Deus. Se não existisse o Sinai não havia porque existir o Calvário. É o Calvário quem dá vida ao Sinai. Mas é o Sinai que expressa os princípios, pelos quais Jesus morreu no Calvário. É do Calvário que vem a Graça, é do Calvário que vem a Salvação, é no Calvário que Jesus dá aos homens poder para viver a altura dos elevados princípios do Sinai. Sinai e Calvário são uma só coisa. É da montanha que vem o nosso socorro. Estávamos perdidos e condenados à morte, foi da montanha do Calvário que veio o nosso socorro, a nossa salvação. Por isso disse Davi: "Elevo os olhos para os montes: de onde me verá socorro?" (Salmo 121:1).Nesta linguagem, inspirada por Deus, um monte não é uma simples elevação de terras ou pedras. Aí o céu e a terra estão mais próximos, um lugar especial para o encontro com Deus, simbolizando a própria elevação do homem, seu crescimento, sua renovação. Onde quer que haja uma experiência de vida nova, há o sentimento de subida e elevação. Ambas expressam, a seu modo, a regeneração do ser, a obra do Espírito de Deus em nós.

Autor:

José Carlos Pires Coutinho
(Presidente do Grupo Carta Fabril)

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